Circulo de fogo

Circulo de fogo

Nas noites de fim de ano as entidades diabólicas ficam a mercê de centenas de almas putrefaz dos seres humanos que evocam-na para jogos mesquinhos. Era por volta da meia noite, onze e quarenta e três da noite para ser mais exato, se via uma figura esguia em meio a escuridão na beira mar, de acocoras. Com ele havia velas negras, para invocar as forças de Saturno. Com sua respiração ofegante e com pressa ele desenrolou um jornal que continha em seu interior uma adaga de prata. Fez com a adaga o pentáculo invertido, símbolo da loucura humana, lembra vagamente a cabeça de um bode. Em cada ponta da estrela de cabeça para baixo ele colocou com cuidado uma vela negra. No centro uma bacia de alumínio com ossos de galinha e um pouco de sangue do animal. Pobre galinha preta, que culpa ela tinha de ter penas pretas? Foi sacrificada em nome de uma vontade maior e perversa.

O jovem parecia saber o que estava fazendo, olhava desconfiado para trás com receio de que alguém se aproximava dele. Ele queria que ninguém o visse fazendo isso. Vai ver era por  que era a primeira vez que ele estava fazendo aquilo! Mas era ee capaz de fazer aquilo? E qual era o motivo?

De joelhos pegou o fósforo e ascendeu no sentido horário as velas, uma a uma. Desenrolou um pedaço de papel todo amassado e com a luz das velas começou a recitar as palavras:

“Sis mihi in signum lucis et sacramentum voluntatis. Faz com seu nome as minhas  vontades e sobre meu controle chamando as forças do caos e das Trevas para minhas mão. Eu evoco Barbariel. Amen.”

 Ficou estático por um breve momento esperando que algo acontecesse. Pela primeira vez ficou sem medo e uma autoconfiança incrível tomou posse de seu ser. Ele gostava daquilo, estava regozijando daquele momento. Mesmo se a entidade não aparecesse ele ficara contente por ter feito aquilo, ele se sentiu livre, como se as corrente fossem quebradas!

Um vulto passou por ele e as velas dançaram. Ele não discerniu o que era. Apenas percebeu. As velas apagaram de um vulto de vento e ele começou a se agonizar, de joelhos se viu tossindo e uma dor intensa em seu abdome, uma bola de sangue saiu pela sua boca e agora ele estava deitado, gemendo procurando alguém, implorando mentalmente para que alguém o visse. Seu coração parou de bater e um infarto abateu sobre si. Estava ele agora caído na areia úmida perto de seu feito sagrado. Ele morrera feliz e contente por ter quebrado o tabu dentro de si, porém momentos antes ele já se arrependera, pois não era apto para realizar tamanho feito. Não tinha contado a ninguém o que pretendia e pensou no instante antes de perder a consciência nos familiares e na vergonha que iriam passar, estava incrédulo e se perguntava, porque estava fazendo aquilo? Mas já era tarde demais. Nem sequer teve a certeza se conseguiu evocar a entidade, apenas um momento de confiança e depois um profundo arrependimento.